segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Exposição!

Lembra do II Salão Universitário do Espaço Piloto? Pois bem, portfolios foram enviados, inscrições foram feitas (juro que só não inscrevi meu trabalho por conta da correria da mostra da ECA, mas aí já é outra história), artistas foram revelados e, agora, é hora de revelá-los ao público, não? Isso posto, convido os leitores/amigos/transeuntes/wathever a conferir a exposição do II Salão Universitário, com abertura programada para essa terça-feira, dia 14 de dezembro e com obras de diversos artistas da região!



Vale ressaltar que a entrada é franca, assim como se espera (e incentiva) que a opinião dos espectadores o seja. Logo, fica o convite: apareça, se surpreenda e - caso for - recicle algumas idéias; ver o que se produz atualmente como arte pode ser muito bom!

Hasta! =)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Sentimental...

Ok, podem me chamar, mas confesso que fiquei derretido quando vi esse vídeo feito com alguns posts de determinado tópico da QN (assim como fiquei derretido vendo, no ônibus, aquele casal de meia-idade numa vibe meio “meu primeiro amor” ontem e quando, ocasionalmente, vejo casais carinhosos na rua... estou ficando mole?)



Hasta!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O preço (e o tempo) do afeto...

“A Apple oferece uma garantia de até dois anos porque aposta que, nesse meio tempo, vc já terá se apaixonado por outro IPod...”

“Tudo nesta loja está à venda, menos as pessoas... algumas, é claro!”

(coisas que ouvimos quando acompanhamos os amigos nas compras)

Certa vez vi o Bernard Stiegler afirmando num livro (infelizmente, seu ÚNICO trabalho traduzido pro português até hoje) que, além de nos encontrarmos numa sociedade hiperindustrial, essa mesma sociedade manipula a energia libidinal (os “quereres” num nível geral) das massas a fim de produzir e vender cada vez mais. Ok, até aí não há qualquer novidade, só que – como conseqüência dessa crescente manipulação – há uma insatisfação e um mal-estar generalizado já que, essa manipulação ocorre numa velocidade tão grande que não nos dá tempo de “fixar” algum afeto pelo objeto de desejo, transferindo-o constantemente a algo mais novo.

O que é colocado no livro como uma tendência da sociedade (prioritariamente de consumo) parece também estar se manifestando nas relações interpessoais dos indivíduos que compõem essa mesma sociedade... já notou?



Pense comigo: quantas amizades você criou e desfez no último ano? Quantas paixões (correspondidas ou não)? Quantos “eu te amo” foram proferidos (às vezes, a quem não merecia)? Quantas pessoas, a despeito das expectativas momentâneas, entraram e saíram da sua vida nesse período (e por quanto tempo elas permaneceram)?

É disso que estou falando. É fato que pessoas vêm e vão, mas ultimamente isso parece acontecer num ritmo tão desenfreado, tão alucinante que é impossível não se sentir perdido ou – como o próprio Stiegler afirmou – “frustrado” (confesso que às vezes eu mesmo me sinto).

Mas por que isso está acontecendo tanto? Por pura osmose ou os relacionamentos estão REALMENTE mudando de valor? Estamos realmente virando mercadorias? Quanto vale o seu afeto? E – principalmente – porque pareço sempre fazer a mesma pergunta???

(Juro que ainda vou entender)

Hasta!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Dicas...

Sei que é bastante em cima da hora, mas como se tratam de espetáculos que - num caso – vi e gostei e – no outro – queria muito ver; deixo aqui, a quem puder e interessar, um espaço-publicitário-divulgativo-cultural (afinal, sonhamos e podemos viver com arte).

Pra começar, o Coro Sinfônico da UnB realiza nos dias 2 e 3 de dezembro (hoje e amanhã) – sob regência do Maestro David Junker - seu tradicional Concerto de Gala, na sala Martins Penna do Teatro Nacional, às 20 horas e com entrada franca. Além da apresentação (Carmina Burana), também haverá o lançamento do livro sobre o Coro Sinfônico da UnB, que conta a trajetória do grupo.



E para quem gosta de comédia, há o espetáculo musical “A porca faz anos”, dias 3, 4 e 5 de dezembro na mesma sala Martins Penna do Teatro Nacional, com ingressos a R$20 (a inteira). Resultado da diplomação em Interpretação teatral, a peça é uma crítica ao já saturado e manjado esquema político da capital federal paralelamente às comemorações de 50 anos de Brasília.



Ok, eu sei que as eleições e as comemorações do cinqüentenário de Brasília já são old news, mas eu assisti à primeira montagem e gostei bastante (principalmente se levarmos em conta o mercado saturado de comediantes na cidade); recomendo!

Hasta!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Moema



Conta-se que, ao ver seu amado Diogo (Caramuru) partindo para a França numa nau com Paraguaçu, Moema se lançou ao mar e acompanhou o navio a nado... até sucumbir ao cansaço e morrer nas águas do Atlântico.

Já teve a impressão de batalhar por algo muito desejado, (quase) se matar no processo e - ao final - olhar pra tudo o que foi feito e ter a clara sensação de morrer na praia? É mais ou menos isso (e, não, não é nem um pouco bacana).

Minha sorte é que - como tudo o mais na vida - isso passa e daqui a pouco me jogo em mais uma loucura sem sentido lógico aparente.

#Oremos

Hasta!

sábado, 20 de novembro de 2010

E começou a semana de trotes na UnB...


Dado o que já aconteceu e algumas de suas consequências, tem como não ficar incomodado/ressabiado/com o pé atrás?

E o semestre segue...

Hasta!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

sábado, 13 de novembro de 2010

Sweet november...

Não, não sou muito chegado no meu aniversário.

Até queimei alguns neurônios escrevendo um texto que expusesse meus motivos, mas - no final - o resultado ficou tão pessoal que temo dizer que ninguém mais, além de mim, o entenderia. Então, como o bom pretenso-desenhista-profissional-e-egocêntrico que sou, peguei os lápis e expressei, como pude, o sentimento que se apossa de mim nesse "doce novembro" (como o @doutorestranho gosta de chamar); não é a coisa mais positiva do mundo, mas, como disse, são os meus motivos... talvez os conte, um dia, numa conversa qualquer.

Mesmo assim queria deixar registrado no blog (assim como tantas outras coisas, boas ou ruins que me aconteceram desde que o criei) que eu amei as felicitações no dia onze: as ditas, as não-ditas e mesmo aquelas-pra-pegar-no-pé (né, @leonardoseville e @MMati?)... enfim, todas os parabéns que vieram despidos da pura e repetitiva educação formal e que traziam em si bons e sinceros pensamentos (afinal, não é o que realmente queremos dos outros?); muito obrigado MESMO (e desculpem o atraso de dois dias para agradecer)!

Voltamos, agora, à nossa programação (a)normal...

Hasta!

domingo, 7 de novembro de 2010

The greatest thing you´ll ever learn...

Porque às vezes tudo que alguém precisa é ter alguém pra cuidar (e ser cuidado em volta)...

Hasta!

sábado, 6 de novembro de 2010

Exposição!

A quem gosta (e a quem não gosta também, por que não?) de fotografias e pequenas experiências, fica o convite: Abertura dia 08/11, na Galeria Espaço Piloto, às 19:00. Apareçam! Prestigiem!

E por falar na Galeria Espaço Piloto...

Essa vai para você, artista plástico e/ou experimentador visual que quer divulgar seu trabalho: ainda estão abertas as inscrições (gratuitas) para o II Salão Universitário/ Prêmio Espaço Piloto de Arte Contemporânea. Edital e maiores detalhes podem ser conferidos aqui, no blog da Galeria. Inscrições até 15 de novembro (eu mesmo tô pensando em me inscrever)

Hasta!.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Quem fica com a cauda?

Notícia velha, notícia passada, mas – nessa última temporada em SP – não teve como não pensar a respeito, então abro aqui um pequeno espaço pra reflexão, ok? (e, não, não é sobre como, súbita e inexplicavelmente, comecei a escrever de maneira injustificadamente formal, mas enfim...)

Como disse, estava em SP, andando com o @leonardoseville na Paulista, no dia da vitória presidencial de Dilma e – como é de se esperar – todos os militantes do PT tomaram a avenida, sendo necessário, inclusive, o fechamento de um trecho da avenida. Tudo muito bonito, tudo muito alegre, tudo muito comemorativo... e por que não seria? Não é assim ao final de qualquer disputa? Mas o que me chamou a atenção mesmo, foi ouvir de um trio elétrico em frente ao MASP, o locutor (posso chamá-lo assim? Era apenas um cara com um microfone em cima do trio) gritando a quem quisesse ouvir (e a quem não quisesse também) que a esperança venceu o medo, ao som de “♪ Xô, Satanás... ♫”.

Opa, peraí, como é?

Exatamente, caro leitor. De candidato da oposição (ou sei lá como se definem esses “lados da Força” ultimamente), José Serra foi promovido (?) a “Mal encarnado”, com direito a um mamulengo (um pouco mais bonito que o original) devidamente caracterizado com adesivos e bandeiras da Dilma, em sinal de derrota.

Ok, tudo bem que José Serra não seja um padrão de beleza a ser seguido, tampouco me inspire muita confiança (tal qual Dilma Rousseff), mas pintá-lo com dois chifrinhos e uma cauda pontuda também é um pouco exagerado, não? Digo, a mesma estratégia foi adotada por seus militantes pra difamar a concorrente, acusando-a de “assassina de criancinhas” e “terrorista”, entre outras alcunhas amabilíssimas durante a campanha. Confesso que seja normal, numa disputa, antagonizar seu adversário e que – talvez – esse hábito ganhe um pouco mais de força numa corrida eleitoral, dado o que está em jogo; mas acho que, como tudo o mais no mundo, desrespeito demais faz mal (não só à imagem dos desrespeitado como à credibilidade do desrespeitador também), ainda mais se levarmos em conta o poder que essas comparações de cunho religioso podem ter.

(Boo!)

“Religioso”... após dizer isso me veio à cabeça toda a manipulação maniqueísta destas últimas eleições, de como crenças e verdades (e, nisso, falo daquelas íntimas e espirituais) foram manipuladas em torno de interesses tão somente particulares, resultando numa (mesmo que em escala absurdamente menor) “Guerra Santa” e na – até o momento – corrida eleitoral mais absurda da história brasileira.

Pensando bem... por que eu ainda me surpreendo, né?

(ainda bem que acabou)

Hasta!

Um dia qualquer...


Caronas. Cafés. Cartazes em faculdades. Aglomeração política(eira). Garoa. Já ligaram as luzes de natal? Cheiro de plástico queimado. Velhas músicas, novas bandas. Sinais de trânsito. Shopping centers. Encontros casuais na escada rolante. Fantasias de Halloween. Zebrinha. Casa.

(27/10/2010)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Every little thing is gonna be alright...


Porque depois de um dia inteiro com amigas que me fazem bem, eu só posso me sentir otimista e confiante. "Pra tudo nessa vida a gente dá um jeito" me disseram a vida inteira ou, como diziam bastante no mangá acima referido (amo, amo, amo tanto pela história "bobinha" e fantasiosa quanto pela arte), "Tudo vai ficar bem"; razão pela qual foi impossível não lembrá-lo hoje...

Hasta!

sábado, 23 de outubro de 2010

Hay que endurecer...

Você cai. Você se machuca. Suponha que isso aconteça várias outras vezes e – quando você vê – não se machuca tanto! Os mais velhos dirão que você ficou calejado (ou, de forma mais simples, você ficou mais duro e insensível para se proteger das constantes quedas), afinal é uma reação natural do que é agredido querer se defender, certo? Mas o que acontece quando se extrapola esse mecanismo de defesa, quando se fica duro e insensível demais?

Ok, pega leve! ¬¬"

As mesmas pessoas mais velhas dizem que, com o passar dos anos, você fica sem paciência com o mundo, que se torna mais bruto. Verdade ou não, é estranho ver manifestado em si, um comportamento que – até então – você considerava totalmente sem fundamento; “A idade não define o comportamento da pessoa, sua boa-vontade sim!” era o que eu dizia... Pagar a própria língua? Ou simplesmente acabou o estoque de boa-vontade? De qualquer forma, só sei que não estou gostando muito desse comportamento por vezes automático. Pode parecer seguro, confiante e cool (afinal, ser sarcástico é o novo hype), mas acaba afastando todos à volta (mesmo os amados) e... bom, dá pra imaginar o resto, não?


Quem me conhece a alguns (muitos) anos sabe que eu já tive uma fase putaquecaralhomente anti-social e... bom, digamos que não foram os meus dias mais felizes, mas acho que, disso tudo, cheguei a uma conclusão (bem óbvia, na verdade): Ser frio e cortante pode estar em alta. Ser duro pode passar bastante segurança, mas – sejamos francos – pessoas precisam de pessoas. E, sinceramente, não sei se quero voltar àqueles dias.

Hasta!

Salão Universitário

Não sei se já disse aqui (provavelmente sim), mas agora trabalho na galeria de arte da UnB, o Espaço Piloto. É um emprego legal, oscilando entre os momentos de calmaria (exposição) e tempestade (montagem), assim como qualquer outro. Mas – espere aí – acho que estou me distanciando um pouco do que quero dizer...

Pois bem, uma das coisas boas de se trabalhar numa galeria é ter acesso a todas as datas de exposições, vernissages e editais; isso posto vou fazer aqui um pequeno momento publicidade (estou pra criar uma tag só pra isso) a quem possa interessar...



Vale ressaltar que o edital se aplica a todos os artistas universitários (não apenas “universitários de artes”, que fique claro) da região Centro-Oeste, que a inscrição é gratuita e vai até 15/11/2010. Para mais detalhes o edital completo se encontra no blog do Espaço Piloto, ok?

Hasta!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Pardal

(ou "Coisas que encontramos no fundo de velhas caixas"...)


Como esquecer... quem sabe

Numa noite onde alguns fantasmas provaram ainda existir (maldito mundinho mínimo), entro no site do Mix Brasil e dou de cara com esse trailer:



Coincidência? Epifania? Deja-vu?

Não sei porquê, mas de repente me deu uma vontade danada de ver esse filme (alguém me acompanha?)...

Hasta!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ordinário(extra)Ordinário...

Vontade de (re)ver esse filme...



Se tem alguma relação com o post anterior eu não sei (e nem me importo muito, na verdade); apenas uma vontade repentina mesmo.

Hasta!

Sobre urnas e questões...

E se passaram as eleições. Dentre as dezenas de cobranças (“Em quem você votou?”) , restrições (de beber, inclusive) e obrigações, impossível não questionar o sentido disso tudo. Pra que votar? Ou melhor, por que a gente é obrigado a votar?

Dada toda a miríade de reluzentes (e competentíssimos) candidatos é compreensível e aceitável (apesar das disposições em contrário) que o cidadão não tenha qualquer vontade de votar. Tudo bem. Eu mesmo não quis votar (ainda acho que o voto é o combustível da máquina eleitoral/interesseira; que, por sua vez, pra tudo o mais funciona sozinha e descontrolada), mas fui obrigado. Por que "obrigado"? Quantas outras pessoas não quiseram votar, mas tiveram que fazê-lo a contragosto? Pior: quantas – só para fazê-lo (por fazer) – acabaram votando em candidatos aleatórios, ignorando, assim, o valor de seu voto?

Há quem justifique dizendo que, no Brasil, se não houvesse a obrigatoriedade do voto, ninguém votaria. Dá pra culpar esse povo? Ora, se os cidadãos são obrigados a manter (de mau grado) um sistema, há algo de errado, não? O mesmo dizem sobre o serviço militar (masculino); quando não justificam (a ambos) com o já clássico “sempre foi assim”.

Sempre foi assim... adoro essa frase.

Se pararmos pra pensar, tem muitas coisas nas quais não acreditamos/nos são inúteis, mas que fazemos por pura repetição: além dos “deveres cívicos” já citados, o que mais fazemos? Chamar qualquer autoridade e/ou transeunte vestido de branco de “doutor”? Tomar a benção quando não se é mais cristão? Acreditar em algo somente quando aparece na TV? Reclamar do tempo? Embarcar na primeira fila que se vê? Em maior ou menor escala, os exemplos são vários, mas a razão é uma só: por vezes nos comportamos como maquininhas condicionadas e repetitivas. Lei do menor esforço? Talvez até seja, mas não vem ao caso tratar disso agora (ou até venha, mas acho que já estou dando voltas demais)...

É tão difícil assim questionar?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Memórias de caderno e óculos...

(ou, se preferir, "Semana de férias")















Exatamente por sua transitoriedade, possui um valor único. Perdido, perdido, perdido; tento chegar ao Museu do Giramundo e – pela rabagésima vez – erro o caminho e vou parar nos limites de BH, o que me leva à questão: será minha tendência natural ser atraído por fronteiras ou simplesmente gosto de seguir na contra-mão? Ao jantar um X-bacon numa padaria qualquer, perto do Palácio das Artes, olho pela janela e vejo o letreiro neon, do outro lado da rua, filtrado pelas folhas sombrias de uma árvore, em frente à janela; subitamente lembrei das luzes de uma cidade qualquer, distante, em Brasília. Dessas que, dada a geografia do planalto central, você vê de longe: um mar de luzinhas brancas de postes. Um movimento de cabeça depois, o encanto se desfaz; mas a pequena fagulha de saudade permanece, imóvel nos instantes seguintes. Ah, o ser humano... Não se trata de conhecer lugares, mas experiências.





















“Do pó vieste e ao pó retornarás”... Mais uma frase-feita. Mais uma verdade.

Brasília, que saudade!

BH e São Paulo, que saudades maiores ainda!

Estabelecida a distância, a saudade é uma reação automática e (aparentemente) natural...

Será?

O Palácio dos Arcos

O Palácio dos Arcos
tem estórias de valor
que não quero aqui contar
Vou contar a estória do soldado carajá.

Era uma vez em Goiás
um soldado, carajá civilizado.
Sabia ler e contar.
Estimado no quartel.
Tinha boa disciplina,
divisas de furriel.

Um dia... era no mês de outubro.
A cidade estava baça
de fumaça das queimadas.
Fazia um calor medonho.
O povo clamava chuva.

O soldado carajá
dava guarda no palácio
aquele dia.
De repente, ouviu um trovão surdo rolar
do lado da Santa Bárbara.
Rolou outro atrás do primeiro.
Levantou-se um pé-de-vento,
redemoinho.
Um cheiro forte de terra.
Um cheiro agreste de mato.
Um cheiro de aguada distante.
O soldado carajá,
ninguém sabe o que sentiu.

Acordou dentro de si
uma dura rebeldia.
Uma rude nostalgia.
O grito de sua raça.
Chamados de sua taba.
Aquela mudança de tempo
despertou os seus heredos.

Acordou seus atavismos.
Certo foi...

O bugrinho carajá,
de uma tribo muito mansa do Araguaia,
tinha vindo pequenino para Goiás.
Foi criado bem criado
numa casa de família.
Ninguém nunca contou
dondé que ele tinha vindo.
Era mesmo filho da família,
era igual aos meninos da cidade.

Andou na escola. Aprendeu leitura.
Subiu nos morros, apanhou pequi.
Nadou no rio, fisgou cascudo.
Pinchou pedra, quebrou vidraça.
Vendeu tabuleiro de bolo de arroz.
Jogou bete na rua.
Empinou arraia.
Lançou corsário.
Brigou na regra. Embolou no aloite.
Escreveu indecência nas paredes.
Cresceu. Se fez homem de bem.
Sentou praça na Polícia.
Vestiu fardão escuro, botão dourado,
daquele tempo.
Calçou bota reiúna-canguru legítima,
ringideira.
Botou correame, quepe, mochila,
cinturão, refle-baioneta.
Encostou fuzil no ombro.
Fazia sentinela. Dava ronda.
Rendia guarda, marchava, desfilava.
Era estimado no quartel.

Tinha boa disciplina,
divisas de furriel.
Um dia (era no mês de outubro)
andavam de noite fogaréus vermelhos
queimando os morros.
A cidade estava baça de fumaça
das queimadas.
Fazia um calor medonho.
O povo clamava chuva.

O soldado carajá dava guarda no palácio.
De repente, ouviu um trovão surdo rolar
do lado da Santa Bárbara.
Rolou outro atrás do primeiro.
Levantou-se um pé-de-vento,
redemoinho.
Um cheiro forte de terra.
Um cheiro agreste de mato.
Um cheiro de aguada distante.

O soldado carajá, sabe lá o que sentiu.
Acordou dentro de si
uma grande nostalgia.
Uma dura rebeldia.
O grito de sua raça.
Chamados de sua taba.
Aquela mudança de tempo
despertou os seus heredos.
Acordou seus atavismos.

Certo foi que o soldado carajá
(bugre civilizado, sabendo ler e contar)
Encostou sua comblém (era no tempo das combléns).
Descalçou a reiúna-canguru legítima, ringideira.
Baixou o quepe, correame,
mochila, refle-baioneta.
Sacou da túnica.
Desceu as calças e o mais que havia,
Saiu correndo pelas ruas.
Nu?
Vestido com seus atavismos.
Coberto com seus heredos.
Alcançou a Barreira do Norte
e sumiu-se no rumo do Araguaia...

Na poeira do bárbaro
atuado pelas forças cósmicas e ancestrais,
ouvia-se o grito selvagem:
...uirerê! ...uirerê! ...uirerê!...

E era uma vez em Goiás
um soldado de guarda,
civilizado carajá!

(Cora Coralina)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Dos pequenos cacos...



Calidoscópio. [De cal(i)- + -ido- + -scop- + -io².] S. m. 1. Pequeno instrumento cilíndrico, em cujo fundo há fragmentos móveis de vidro colorido, os quais, ao refletirem-se sobre um jogo de espelhos angulares dispostos longitudinalmente, produzem um número infinito de combinações de imagens de cores variegadas. 2. Fig. Sucessão rápida e cambiante (de impressões, de sensações): A nossa viagem foi um calidoscópio. [Ê m. us. A f. caleidoscópio.]

Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa
2ª edição, 19ª impressão
1986

Seu coração foi partido?
Sua alma aquebrantada?
Seu ser dividido?

Sempre dá pra criar algo novo e belo dos despojos (a reciclagem está aí pra isso).

Hasta!

How POP works...

Passado o VMA - que eu não consegui acompanhar - e a cobertura via Twitter (valew, gente... afinal quem precisa de TV hoje em dia?), não há mais qualquer coisa a ser dita...



Ou pelo menos qualquer coisa que já não tenha sido dita antes.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Jeitinho brasiliense...

♫ “Brasília, a terra do carão...” ♪

Assim dizia uma música que ouvi a alguns anos num CD promocional do Paroutudo.com que o Devs ganhou de alguém, e que o mesmo fazia questão de ressaltar sempre que incomodado com o “jeitinho brasiliense” de ser (ou seja, diariamente). Implicância ou não, ele não é o primeiro (e algo me diz que não será o último) a me reclamar da postura fria e posuda dos cidadãos da capital... e o pior é que sou forçado a concordar com ele.

Qualquer um que viaje ocasionalmente por aí deve notar que – em relação aos brasilienses – as pessoas de outros estados são mais simpáticas e receptivas a conhecer gente nova (ou, pelo menos, assim demonstram); não se esforçam (tanto) em manter uma pose ou em simular possuir um “status”, mas por que essa diferença?

Há quem culpe o fato de se tratar de uma cidade planejada: nascida pronta há 50 anos, sem ter tido tempo, ainda, de desenvolver uma “alma” própria ou um senso de comunidade em seus cidadãos; e há quem atribua a situação, também, ao fato de que a cidade já nasceu destinada à elite do Governo (governantes, funcionários públicos, burocratas e afins), já devidamente separados e organizados por setores da cidade. Independentemente da razão, o fato é que muitas vezes pego várias pessoas (e, pra minha vergonha, eu mesmo) assimilando essa postura seca (sem trocadilhos com o clima daqui, embora seja quase impossível não associá-lo) e, verdade seja dita, é um tanto constrangedor se dar conta disso.

Tento romper, todos os dias, esse estereótipo; essa distância segura (como alguns preferem definir) que os brasilienses parecem naturalmente – e culturalmente – ter, mas quão difícil é vencer um hábito carregado desde o nascimento! Mesmo assim é sempre bom (e sensato) ter consciência de que hábitos podem ser mudados e que – no final das contas – pessoas definitivamente não são ilhas.

(frases feitas, sim, mas nem por isso menos verdadeiras)

Hasta!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mãos






Reiterando uma idéia que já joguei aqui certa vez e que retomei essa semana...

"Às vezes, as coisas mais simples conseguem ser as mais fantásticas."

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Exposição!

Não sei se já falei sobre isso, mas enquanto todas as outras Universidades estão, aparentemente, iniciando seus semestres letivos de maneira tranquila, a UnB corre como um caminhão desgovernado para fechar o primeiro do ano. Tudo bem: já era esperado; consequência da Greve dos professores no começo do ano.

Some isso ao fato de que arranjei um trabalho (YEEEEAH!) e o que temos?

(sim, por isso andei meio sumido do mundo...)

Não, não estou expondo e/ou me formando (ainda), mas trabalhei na montagem das obras e vi trabalhos muito bons. Logo, a quem quiser conferir os trabalhos dos meus amiguinhos, coleguinhas e outras pessoas muito talentosas do meu Departamento, fica o convite!

A abertura da exposição ocorre amanhã (ou seria "hoje"?), 27 de Agosto, às 19:00 (olha, mais um convite!).

Hasta!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O poder das palavras na era dos passarinhos azuis...



Veja você como são as coisas: Na hora do almoço resolvo dar uma espiada no Twitter – até aí tudo normal – e uma das primeiras coisas que vejo é uma mensagem retwittada, na qual o @rafinhabastos diz em bom português ao @DaniloGentili que seu único talento é causar brigas desnecessárias... Ok, até aí também não há qualquer novidade: duas celebridades trocando farpas pelo Twitter, vemos esse tipo de coisa toda semana.

Mas pra quê?

Não é difícil imaginar que, num site como o Twitter, qualquer “ai” que você postar será lido por quaisquer N pessoas que queiram te seguir (o que é, independente da sua vontade, sempre um número bem maior do que o de pessoas que você realmente conhece no site) e que, sendo você famoso de alguma forma, esse número de seguidores será muito maior e mais atento às suas palavras. É simples, é fácil, logo, por que tanta dor-de-cabeça?

Uma das primeiras razões que alguém daria seria “para se promover” e é claro que não podemos negar, também, o incrível potencial repercutivo de qualquer briga/barraco/confusão (minhas vizinhas fofoqueiras são provas vivas disso), mas quem estaria desesperado por atenção a ponto de passar por um vexame desses na frente de toda a rede?

É esse o preço de ser famoso? Ou um simples efeito colateral de dar ouvidos ao passarinho azul?

Hasta!

(PS: Se o texto estiver muito confuso, relevem... estou bêbado)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sobre músicas e se lançar...

Sabe aqueles filmes que vimos na adolescência e gostamos muito? Claro que, dependendo da idade de cada um isso pode significar filmografias totalmente diferentes, mas quem também tem 25 anos deve se lembrar de um Road movie musical (hoje) bem água-com-açúcar chamado “Duets” (e que, no Brasil, recebeu o infame subtítulo “Vem cantar comigo”). Não lembra? Bom, talvez a música (mais famosa) ajude a relembrar...



(pessoalmente prefiro “Free as a bird”, mas enfim…)

Anyway, talvez seja empolgação pela apresentação final da matéria de Canto Coral 1 na UnB (apesar dos pesares me diverti horrores nessa matéria), um misto de saudosismo e otimismo, ou simplesmente porque dei de cara com a trilha sonora do filme (que, aliás, é ótima) no meu computador esses dias; mas – coincidência ou não – é impossível não traçar um paralelo entre a história de pessoas que (assim como pra subir num palco e cantar pruma platéia) tiveram coragem de embarcar em carros e processos de mudança e o que anda me acontecendo por esses dias. Há que se ter coragem pra se lançar em qualquer coisa...

...Espero que eu também o tenha.

Hasta!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

"Cause we are all made of stars..."

Não importa se a música diz algo incondizente com o momento (nunca fui muito bom em interpretar as coisas... pelo menos não "como se deve"), o que importa é que a escuto quando estou bem e que pessoas são feitas de estrelas...

E, no momento, me sinto fantástico, obrigado! =D



Hasta!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Quem fala o que quer...

Nunca conheci minha bisavó; e, embora tenha sérias suspeitas de que – caso nos conhecêssemos – rolaria uma SÉRIA incompatibilidade de gênios ("os iguais se repelem", já diz a física); não posso negar que a admiro: seja por sua postura firme, ou por sua intolerância a piadinhas que a diminuíssem (ou à família) de alguma forma. Minha avó chega a contar que uma de suas frases mais freqüentes era “A gente, quando não tem o que falar, enfia o dedo no cu e cheira!”.



E por que estou falando de minha bisavó e sua (já icônica) frase de respeito? Porque juro que, às vezes, queria ter esse mesmo pavio curto com gracejos idiotas que algumas pessoas falam para se sentirem superiores. Sabe aquelas pessoas que parecem não saber se comunicar e – sabe lá Freud por quê – acham que é uma boa idéia começar uma conversa (ou mantê-la) com provocações? Sabe quando você – por hábito ou por motivos que só o mesmo Freud explicaria – resolve não se irritar com a situação e a leva com o máximo de educação e elegância que sua calma permite? Sabe quando, depois da conversa com a referida pessoa, fica aquele sentimento residual de vergonha? Pois é...

Há quem diga que “pessoas boas só se fodem”; um tanto exagerado na minha opinião já que “bom” e “mal” são conceitos putaquecaralhomente relativos e que a idéia de basear toda sua interação social em opções tão limitadas seria - no mínimo - muito precipitado e inocente, mas certamente educação demais (assim como tudo em demasia no mundo) pode se tornar um problema.

Nessas horas apóio quem diz que grosseria é algo necessário à convivência humana...

"Aí eu larguei minhas coisas no chão e rodei a mão na cara dela!!!"


(Ok, talvez uma grosseria não TÃO direta... o.ô)

Hasta!

sábado, 14 de agosto de 2010

Bar + conversas + músicas recentemente descobertas...



Por um fim-de-semana mais interessante...

Hasta!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Caminha comigo?

“Keep walking” é o que diz o slogan de uma famosa marca de whisky. Indiferentemente ao meu apreço pela bebida (aliás, ODEIO whisky) foi o que sempre fiz na vida; seja pra comprar pão na esquina, se deslocar pelo “minúsculo” campus da UnB simplesmente andar pela cidade em caso de falta de ônibus (ou porque roubaram minha bicicleta no estacionamento da boite, como aconteceu certa vez). Se andar é a tendência natural do ser humano, posso dizer que a sigo muito bem. É legal (ao contrário do que dizem os mais acomodados aos prazeres automobilísticos), é relaxante e te permite um tempinho pra pensar.

A melhor caminhada que eu já acompanhei numa história...

Durante esse fim-de-semana em Inhotim/BH, “andar” foi algo que pude fazer bastante, também pudera: tanto o parque de Inhotim quanto Belo Horizonte em si são ENORMES (se comparadas ao vilarejo que é Brasília,então, nem se fala) e – durante as voltas e esquinas e ladeiras de ambos tive bastante tempo pra rever várias idéias e planos e sonhos e situações e várias outras coisas que adiei por conta de compromissos ou situações repentinas. Influência por estar longe de casa? Talvez... Mas gosto mesmo de pensar que isso se deu mais pelo fato de andar sem rumo (ou, pelo menos, sem conseguir chegar a um rumo específico) e sem interferências como o MP3 tocando no último volume.

Às vezes chego seriamente a pensar que, dependendo da caminhada (e da companhia) o ato de andar pode se desdobrar em N significados; e que pode passar do “se deslocar de um ponto A a um ponto B” para “transitar entre vários estados físicos/psíquicos/conceituais até chegar a algo... pode ser um lugar, pode ser uma conclusão lógica, mas certamente será algo diferente do inicial”. À primeira vista parece uma desculpa pseudofilosófica pra compensar a pobreza de não comprar um carro, né? Eu sei que soa místico demais, mas foi impossível não pensar nisso entre uma esquina (ou seria uma idéia?) e outra...

Hasta!

"Quem te conhece não esquece jamais..."



Inhotim (a.k.a. Wonderland)
A noite
O cinema
O labirinto urbano
A caminhada
As ladeiras
A Savassi
As pessoas enroladas e as pessoas maravilhosas
O sotaque
O ônibus
As performances na estrada
A (pseudo)realidade

Isso posto, fica a pergunta: BH, querida, quando repetiremos a dose?

Hasta!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Adinkras

Os adinkras são símbolos tradicionais com origem em Gana, na África. Cada um carrega em si um significado complexo, geralmente associado a algum ditado ou fábula, expressando – em si – algum conceito filosófico. Geralmente são impressos com tinta vegetal em tecidos de algodão e usados em ocasiões especiais.

SANKOFA
“Nunca é tarde para voltar e apanhar aquilo que ficou pra trás”. Podemos aprender com o passado para construir o presente e o futuro.


OWO FORO ADOBE
“A cobra sobe a palmeira”. Representa a tentativa de se fazer algo dito impossível.

NKONSONKONSO
“Somos ligados na vida e na morte” ou “Aqueles que tem laço de sangue nunca se apartam”.

DJAYOBWE
Os dois crocodilos que dividem um mesmo estômago e aprendem que, brigando entre si, ambos ficam com fome; é preciso unidade, sobretudo quando os destinos se confundem.

Hasta!