quarta-feira, 8 de abril de 2015

Nossa! De onde isso surgiu? (ou "O arquivo de delírios urbanos")


(Da agenda de 2012: sexta-feira, 10 de Agosto)

"Você já tentou ver a alma de uma cidade? O que está por trás das artérias entupidas de carros e fuligem e da pele de concreto azulejado ou mesmo além da tênue linha entre as camadas sociais? Seria verde ou algo ainda mais caótico do que já é? Seria humano? Um híbrido monstruoso de tudo o que já foi ou, ainda, algo parcialmente e surpreendentemente rural, saudoso de seus tempos de alma de vila? Seria humana? De quantos humanos? Ou – em caso negativo – como interagiria com as almas dos humanos que a habitam? Algo ativo ou o tipo de interação consciente que temos com nossos glóbulos?"

Certa vez, numa das histórias de "Sandman", um mortal (um ´sonhador´) se viu preso dentro do sonho da cidade onde vivia, como se aquele lugar, aquele grande aglomerado de paredes, pessoas e tubulações não só fosse capaz de sonhar, mas estivesse vivo (a seu modo).

Cidades vivem?

Se não vivem, conseguem disfarçar essa falta maravilhosamente bem; nascendo como vilas, se adaptando ao ambiente, consumindo recursos e se desenvolvendo até - um dia - morrerem... abandonadas em seus esqueletos de concretos.

E onde entramos nisso?

Somos a alma? Somos micróbios? Somos glóbulos (vermelhos e brancos) correndo nas artérias da cidade ou - simplesmente - aqueles ácaros, pregados na roupa e nos cabelos, fazendo algazarra e sendo sumariamente ignorados pelo hospedeiro?

É nisso que tenho pensado ultimamente.

Na verdade esse tem sido direta e indiretamente o cerne de minha produção atual (e principal tema da minha exposição); uma idéia que vai e volta como uma dor-de-cabeça insistente, sempre lembrando que essa é uma questão ainda não resolvida... Talvez nunca seja (sorte a minha).

Se a cidade se importa com isso? Duvido.
Se isso faz diferença? Talvez algum dia eu responda.

Hasta!