terça-feira, 19 de maio de 2009

Vida, morte e arte (não necessariamente nessa ordem)

É engraçado como nesses dias corridos tudo que me vêm à cabeça (além do pensamento lógico de “me tirem daquiiii!!!!”) são as lembranças de um dia em que conversei com alguém sobre coisas belas, frágeis e passageiras, entre as quais (e principalmente) estava a vida. Sobre a (des)necessidade de viver correndo, pisar um pouco no freio e aproveitar mais o tempo que se tem... esse tipo de coisa. Conseqüentemente, nesse dia também conversamos sobre o que se deixa pra trás ao morrer, além da lembrança e eu, subitamente*, lembrei de alguns casos no mínimo incomuns sobre vida, arte, morte e resíduos (não necessariamente nessa mesma ordem, claro). Por exemplo...

De alguns anos pra cá, eu tive notícias de pessoas que, diferentemente da maioria, decidiram dar um destino alternativo aos seus corpos depois da morte e escolheram por transformá-los em diamantes. Não, você não leu errado e eu também não virei mais um aficionado pela Emma Frost (embora a perua seja foda e mereça): existe mesmo uma empresa funerária especializada em transformar cinzas humanas em diamantes (e, dependendo de sua escolha, ainda lapidam e incrustam a pessoa, digo, a jóia num anel ou num cordão).

(Será que o Morrison sabia disso?)

Outra coisa da qual lembrei foi da mostra Körperwelten (Mundo dos corpos), onde o médico Gunther Von Hagens expõe esculturas produzidas com o produto de sua técnica de preservação de cadáveres. É, filho... aqueles são corpos submetidos a um processo de plastinação e expostos como esculturas. Além da “polêmica” naturalmente gerada, muitas pessoas têm questionado a natureza dos corpos utilizados, o que – é lógico, óbvio e evidente – tem causado a recusa de muitos espaços em promover a mostra. O último boato (antigo já) que ouvi sobre o bom doutor foi de que uma cidade inteira na Alemanha se mobilizou contra (pra variar) a instalação de uma de suas fábricas de plastinação nos arredores.


E, por último, lembrei de um artista que tomei conhecimento esse ano: Joel-Peter Witkin gosta de tratar sobre corpos estranhos/desviados do padrão de beleza em suas fotos, muitas das quais produzidas com partes de cadáveres, rearranjados em poses e naturezas-mortas (sem trocadilhos, juro).


Lógico que a menção desses casos gerou mais pano pra manga na conversa, agora focada sobre os limites éticos da arte e sobre a conceito de “indivíduo” que o corpo, mesmo sem vida, carrega. Mas acho que não preciso nem dizer que a conversa – mesmo loooonga – não chegou a nenhuma conclusão, não é? Afinal, discutindo isso, a gente pisa em terrenos muito arriscados como religião, convicções pessoais e outras coisas capazes de estremecer qualquer papo civilizado e, até mesmo, uma amizade (dependendo da pessoa); razão pela qual prefiro simplesmente deixar a questão no ar (aqui).

Hasta!

*Eu já disse, não me pede pra explicar meus processos mnemônicos. Eu simplesmente lembro das coisas... - -“

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