sexta-feira, 16 de julho de 2010

Eu vos declaro...

O @doutorestranho vive dizendo que as palavras têm poder. Nunca duvidei disso; veja agora, por exemplo, por uma simples substituição das palavras “homem” e “mulher” por “cônjuges” e “contraentes” na legislação argentina foi suficiente para tornar possível (e legal) a união, ou melhor, casamento (por que não?) entre pessoas do mesmo sexo.

Agora pode beijar o noivo sem medo de ser feliz, colega!

Seguido a isso, como era de se esperar, surgiram milhares de criticas e piadinhas maldosas sobre a Argentina. Despeito? Inveja? Intolerância? A lendária “rivalidade”? Ou simples falta do que falar? (aliás, minha bisavó tinha uma frase finíssima pra quem sofria desse mal) Independente do motivo, é fato que a Argentina deu um grande passo em direção a uma democracia mais igualitária e, mesmo que indiretamente, acendeu uma pequena chama de esperança no peito daqueles que esperam uma atitude similar por parte de seus vizinhos latino-americanos (quiçá africanos e asiáticos também).

Claro que, frente a isso, reacende-se toda uma discussão sobre o atraso (no caso deste post, brasileiro) no que diz respeito a políticas que garantam não só deveres, mas direitos iguais à tod@s e, em alguns casos – senão todos (sejamos sinceros, vai) - , a interferência religiosa (não diretamente, mas através de partidos e parlamentares de base religiosa) é o principal empecilho. Ora, mas o Estado não é laico? Sim, em teoria o Estado deveria ser isento de quaisquer influências de caráter religioso, mas não podemos negar que não faltam casos que provam o contrário, né?

Anyway, apesar do atual cenário político desanimador (pra mim, pelo menos, é), não podemos esquecer que, laico ou não, vivemos numa democracia ciente de seus deveres e ocasionalmente esquecida de seus direitos, os quais são garantidos (e, acima de tudo, nunca devem ser esquecidos) pela Declaração universal dos direitos humanos, que afirma:

Artigo I
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

Artigo II
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.


(um dia ainda quero escrever toda a declaração na parede da minha casa. Acho a coisa mais linda do mundo)



(e parabéns, de novo, aos Argentinos!) =D

Hasta!

Um comentário:

  1. Creio que algumas pessoas, especialmente políticos de bancada religiosa, nunca leram a declaração universal dos direitos humanos.
    Mas adorei que essa decisão na Argentina tenha ocasionado uma discussão aqui no Brasil. Só com algo acontecendo bem perto é que o povo aqui começa a pensar... Agora o negócio é correr atrás de conseguir direitos que, ironicamente, já deveriam nos ser assegurados pelo estado há muito tempo... É difícil, é difícil...

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