quarta-feira, 28 de abril de 2010
Tenho referências!
“Na televisão nada se cria, tudo se copia!”
Chacrinha
Não só na TV, na verdade começo a achar que em quase todas as mídias (só que indiretamente)...
Confuso? Calma, caro leitor, eu ainda não estou decrépito ou bêbado (até porque quarta-feira não é dia de ir pro bar... quer dizer, até que é, mas isso não vem ao caso no momento); é que ultimamente tenho pensado bastante sobre o uso de referências na literatura (e nos filmes e nas músicas... enfim, no mundo do entretenimento em geral).
Pense comigo: qual foi a última vez que você viu uma obra que não se valesse da referência de outra? Uma obra bruta, pura? Vasculhando o que é produzido hoje em dia é difícil encontrar algo, não? Não sei quanto à você, mas – às vezes – a impressão que tenho é de que todas as idéias originais se esgotaram (e/ou se tornaram terrivelmente escassas) e que estamos condenados à eterna repetição e reciclagem do que já foi produzido (a música e a moda mesmo são os maiores expoentes dessa teoria: volta e meia ressuscitando e reinterpretando o “estilo” de determinado período histórico), mas não é sobre reapropriações e releituras que quero falar aqui; estamos falando de referências.
Referências são boas, são cult, são chiques; dão ao apreciador da obra a impressão de que o autor tem algum conhecimento de mundo (fora a teoria pessoal/pedante de que ligam a obra a algo que lhe seja familiar, criando – assim – um vínculo... ou pelo menos instigam a curiosidade e fazem o apreciador pesquisar e acrescentar mais coisas ao próprio conhecimento), mas – quando usadas em excesso – também dão a impressão de que o autor nada mais quer do que construir uma imagem de pessoa extremamente culta e antenada.
Claro, há obras que demandem certo conhecimento por parte de quem a vê, mas em alguns casos (em boa parte deles, na verdade) as referências são disparadas gratuitamente à torto e à direito, deixando o leitor completamente atordoado.
Reparou que eu estou aplicando essa teoria quase que exclusivamente à área literária, né? É que esses dias resolvi seguir o conselho do Hemanuel e ler “Y – The last man” (que – aliás – é viciante, não sosseguei até terminar a história!) e, em várias passagens da trama – me via sendo bombardeado por referências pop (de fraldas à mísseis). Nada que comprometesse a qualidade da obra, claro, mas confesso que de vez em quando cegava a ser desconfortável (ou seja, sim, eu me sentia burro).
Sei que é MUITA petulância minha criticar um autor com anos de estrada como o Brian K. Vaughn (e que tem, no currículo, obras como “Runaways”, que eu gosto bastante), mas eu precisava desabafar (#prontofalei).
E também, excetuando esse caso que me fez pensar sobre o assunto, há muitos autores que fazem isso gratuitamente, sim!
Hasta!
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