terça-feira, 13 de abril de 2010

Beija eu...



Sei que me comprometo bastante ao evocar isso, mas quem assistia televisão até uns 5 anos atrás (como eu fazia) deve lembrar do estardalhaço que a Globo fez na época com a possibilidade de transmitir o primeiro beijo gay numa novela brasileira: a novela em questão era América e o beijo seria entre os personagens de Bruno Gagliasso e (ai, ai... me abana!) Erom Cordeiro.

Não lembra? Tudo bem, até porque o referido (e “polêmico”... eles adoram usar essa palavra) beijo foi editado abruptamente, ficando oficialmente de fora do último capítulo. Na época eu (que – confesso – acompanhava aquela bagaça e me identifiquei com o gay que ainda estava se descobrindo e se assumindo) fiquei revoltado, com aquele bem-conhecido sentimento de frustração por não receber o que tanto foi prometido e pseudocelebrado e – inclusive – postei algo no fotolog (o que, segundo o Hemanuel, foi o post no qual eu saí do armário), mas enfim... águas passadas, história velha e você deve estar se perguntando por que diabos eu estou ressuscitando esses fatos, né?

#EpicFail ad infinitum

Pois bem, estava eu pesquisando um artista (que, aliás, depois posto aqui) quando dei de cara com a notícia de que, na Argentina, foi transmitido o primeiro beijo gay numa novela. E não foi um selinho, foi um beijo... e não foi um beijo, foi um beijo DAQUELES, colega... Ah, assiste aí e constate você mesmo!



Ok, daí você me pergunta de novo: E daí?

E daí, caro leitor que - dado esse fato, em contraste com a já conhecida submissão da programação televisiva brasileira à “moral e aos bons costumes” – me veio a pergunta (aliás, já feita pelo Papai Gay, num post emocionante): estaria o problema na televisão ou na sociedade que a assiste?

Há quem diga que a televisão nada mais é que um reflexo da sociedade, mas eu não acredito (ou me recuso a acreditar) que a sociedade ainda pense de maneira tão arcaica e presa em clichês (como o dos “astros” e “estrelas” eternamente perfeitos e plásticos); acho que – ao mesmo tempo em que a televisão pode refletir o que pensa a sociedade, também pode influenciar (fortemente, diga-se de passagem) a opinião e o imaginário público, tornando-se não isenta de “culpa”, mas parte de uma relação de constante troca com seus espectadores.

Me empolguei na linha de raciocínio e constatação do óbvio, né? Mas, enfim, é no que acredito... De uma forma ou de outra, é meio desanimador ver que um país tão próximo como a Argentina possa estar tão avançado no quesito “aceitação” enquanto nossa querida Terra-brasilis parece ainda ter medo de pensar fora de padrões ditatoriais de outrora.

Dizem que a gente sempre acha a grama do vizinho mais verde, hoje acho que eu constatei isso...

Hasta!

Um comentário:

  1. eu lembro vagamente de ouvir falar dessa "polêmica" da novela da globo e, sinceramente, acho que a emissora não teve balls porque é quadrada mesmo, não pelas pessoas. claro que ia ter um monte de gente se sentindo ofendida, mas pensa só quantas pessoas não fariam questão de parabenizá-los, independente de serem homossexuais ou não? enquanto isso, haja gays "perfeitos" na globo (sendo que o conceito de perfeito deles são homens/mulheres malhados ou magérrimos, de pele aveludada, ricos, mais politicamente corretos que uma velhinha texana e que só pegam na mão...)

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