sexta-feira, 18 de junho de 2010

Na vitrine do açougue...

Posso até me comprometer ao dizer isso, mas hoje – depois de anos – resolvi voltar ao Bar Barulho... Assim, do nada. E a primeira impressão que me deu foi a de que o lugar não bomba mais como antes; na verdade estava até bem tranqüilo (antes tinha que atravessar um dancefloor LOTADO e ser assediado por N anônimos dançantes pra chegar no balcão e comprar uma cerveja, coisa pela qual – muito felizmente – não passei agora), mas se tem algo que eu percebi de cara que NÃO MUDOU (além do som ambiente e do mesmo senhor que fica de um lado pro outro vendendo chicletes e cigarros) foi que o movimento do bar ainda é, essencialmente, de pessoas a fim de fazer pegação.



Ok, aí você me diz que qualquer bar é freqüentado por pessoas a fim de fazer pegação; beleza, confesso, até eu já fiz isso, mas a questão é que o Barulho sempre foi notório por abrigar – em sua maioria – pessoas muito solitárias (e/ou muito enrustidas) à procura de um prazer rápido e sem compromisso e essa parece ser, ainda, a grande marca do bar.

E por que estou falando agora do Barulho e sua (nunca oficialmente assumida má) fama? Porque foi preciso estar lá, no meio de todas aquelas pessoas solitárias (nunca oficialmente assumidas), pra perceber quanta gente solitária existe no mundo; só estando do outro lado daquela vitrine de açougue pra perceber o quanto os “pedaços de carne” (como muitos os vêem) precisam não só do prazer carnal como algo mais (embora nunca admitam e o primeiro prazer seja – de fato – muito mais prático e superficial). Quando se relacionar se tornou tão difícil?

Há quem diga que “solidão” seja um tema bem recorrente no meu trabalho e confesso que quero trabalhá-lo na minha diplomação, talvez por isso preste tanta atenção em como as pessoas se relacionam ultimamente. E o prognóstico? Nada otimista, biscoito!

Cada dia me convenço mais de que a idéia-comum de que “os tempos atuais exigem soluções práticas” é real... Digo - pensa comigo – estamos tão acostumados a optar pelas soluções mais práticas e imediatas e de menor custo (imediato) que nunca paramos pra nos perguntar se elas também se aplicam às relações/sentimentos humanos (ou estariam os sentimentos simplesmente defasados?).

Anyway, há quem consiga viver bem com esse estilo de vida (algumas vezes os invejo), mas o que mais vejo são pessoas que – ao contrário da atitude que ostentam – sentem uma necessidade tremenda de um relacionamento romântico (quase à moda antiga).

#Comolidar?

Hasta!

Um comentário:

  1. “Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.” José Saramago (R.I.P.)

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