Confesso que nunca me dei muito bem com a militância LGBTTT; não por considerá-la desimportante (embora já o tenha feito num período de profunda fé no ser humano e em sua civilidade natural), mas simplesmente pelo fato de que – sendo, metade dos meus amigos, militantes ferrenhos – sinto que havia (mesmo que indiretamente) uma certa cobrança em participar do movimento e – confesso de novo - , não importa o motivo, eu SEMPRE corro das coisas cobradas/impostas. É algo instintivo, algo meu... o que se há de fazer?
Anyway (voltando ao assunto), apesar das colaborações indiretas e as tentativas de manter uma distância respeitosa do movimento (em cujos bastidores descobri uma rede de egos tão ou mais inflados quanto o próprio meio artístico), acho que o mundo – mais uma vez – me fez pagar a própria língua e nos coloca em tempos em que, pelo menos aparentemente, a homofobia é o último grito da moda (se por conta de agressão, não se sabe): não consigo lembrar de ouvir tantas denúncias de atos de violência contra homossexuais/transgêneros/intersexos como ouço agora.
"Tendência? Eu REALMENTE espero que não!"
Dito isso, sei que a provável primeira reação de quem me lê será me julgar (oh, adorável natureza humana) alienado e bairrista (aquele que só percebe o problema quando este bate à sua porta), mas – se tratando, agora, de um desabafo – sinta-se à vontade (claro que não digo que tais atos não aconteciam antes, mas a impressão que tenho é a de que – agora – a situação chegou num patamar explícito e inacobertável).
Já é de conhecimento público a
notícia do beijaço ocorrido na UnB, semana passada, contra os trotes homofóbicos ocorridos na Faculdade de Tecnologia e as posteriores ameaças a uma das manifestantes. Desde então, instalou-se um clima de total apreensão na Universidade de Brasília: Não há mais qualquer demonstração de afeto, conversa livre ou mesmo as bem-humoradas demonstrações de “pinta” que não sob a sombra de uma possível represália vinda de não-se-sabe-onde; como se – do nada – uma guerra binária-ideológica-incoerente-e-ridícula houvesse sido declarada entre o Orgulho LGBTs e o dito “Orgulho Hétero”. Besteira, eu sei, mas é a sensação que fica.
Há alguns meses atrás fui surpreendido (no
PÉSSIMO sentido) com a existência da comunidade
“Estupro corretivo” no Orkut (da qual as pérolas
“Não pregamos o estupro; estupro é quando não há amor de ambas as partes” e
“Não somos homofóbicos... COM LÉSBICAS!” foram extraídas e imortalizadas); graças aos deuses (e aos internautas) a dita cuja foi fechada, mas – claramente – sua ideologia parece perdurar...
Então agora será assim, Brasil? De volta à uma era de intolerância e repressão?
(por favor, prove que eu estou errado)
Hasta!