sábado, 12 de setembro de 2009

Sobre relicários e vitrines



Em qualquer dicionário que você consulte, verá a definição de “relicário” como receptáculo destinado a guardar um objeto (uma relíquia) destinado a culto religioso. Numa definição mais ampla, será visto também como um receptáculo destinado a guardar algo precioso, como uma memória por exemplo. De uma forma ou de outra, a imagem do relicário me fez pensar bastante na internet e nos sites pessoais que andam ou pipocando ou se consolidando por aí.

Pensa comigo: seja por Orkut/Twitter/Blogs/Facebook/Myspace/Wathever as pessoas compartilham parte de suas vidas com o mundo. Cada janela, cada perfil se torna um pequeno relicário particular, nos quais depositamos parte de nós mesmos e os quais esperamos que – de uma forma ou de outra – despertem a atenção (ou o desejo, dependendo do caso) de alguém na grande massa globalizada. Essa grande massa também produz, através de cada um de seus integrantes, vários relicários/molduras/vitrines (outras palavras que me vieram agora à cabeça) os quais displicentemente olhamos e ocasionalmente nos chamam a atenção a ponto de reparar mais ou acompanhar. Numa outra comparação, é como se a internet se tornasse uma imensa avenida comercial, na qual cada vitrine tenta, a seu modo, te chamar a atenção.

Um pouco confuso, não? Mas à medida que eu escrevo, me vem à mente mais e mais idéias e comparações para uma idéia que é absurdamente simples. O ser humano é, por definição, um ser social e – consequentemente – precisa de atenção; e num meio tão rico de possibilidades como a internet, se faz valer do que pode (e do que não pode de vez em quando) pare se promover perante os outros. No fim usamos a rede para vender, entre tantas outras coisas, parte da nossa vida (às vezes plastificada e perfeita, às vezes um tanto crua e sem aditivos, depende do caso).

Claro que não vou me excluir dessa regra, seria putaquecaralhomente hipócrita da minha parte e eu nunca fui muito chegado em mentiras, mas é algo que, muitas vezes, me pego pensando (e, mesmo assim, continuando a fazer). Quanto da sua vida você deposita no seu relicário (prefiro esse termo aos outros, é um tanto mais poético) particular? Pra que continuar com isso? Isso dá algum resultado?

Hasta!

2 comentários:

  1. acho que esses sites de relacionamento são uma mão na roda pra fazer as pessoas se sentirem como as coisas que elas são incutidas a quererem/consumires/desejarem; ou seja, serem um pouquinho mais como um produto. claro que isso é uma merda, mas não imagino o que se pode fazer para ir contra essa maré. se soubesse, ahco que não teria blog/flickr/orkut/twitter/etc XD
    ah, e esse desenho tá lindo demais. gostei muiito mesmo! :)

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  2. putalindona essa ilustração! Muita gente se plastifica para se relacionar... mas há quem apenas procure iguais no meio da multidão e passe a se sentir menos sozinho no mundo! Até mesmo aqueles que se plastificam e lustram para "se vender" aos outros...

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