sábado, 27 de fevereiro de 2010
¿Cuanto custa?
“Porque – quando você for ver – as pessoas vão lembrar da sua história pelo que você fez, e não pelas idéias que você teve”
(Ju, numa conversa franca no Beirute)
É engraçado como, às vezes, uma simples frase pode desencadear toda uma discussão (e quando digo “discussão”, a digo no sentido de “debate”, ok?) e, dessa discussão, reacender uma dúvida que há muito queimava na cabeça, mas – talvez pela impossibilidade momentânea de encontrar uma resposta ou por pura preguiça de pensar – a deixamos pra lá... estocada em algum canto do subconsciente até que esta encontre uma hora apropriada para reaparecer. Foi o que aconteceu certa noite, quando, ao conversar com a Ju sobre teatro e atores (aparentemente) egocêntricos, a conversa descambou na dúvida que persegue todos os pré-formandos/formados em arte (e talvez em outras carreiras também): vale mais a pena fazer o que se ama ou simplesmente o que dá dinheiro?
FATO: Vivendo num mundo capitalista, precisamos de dinheiro pra nos sustentar e – vamos e convenhamos – arte não é exatamente o ramo mais reconhecido e lucrativo do mundo. Isso posto, é natural ao artista se perguntar se deve continuar ligado à proposta à qual ama ou fazer algo mais facilmente digerível e de agradável sabor comercial até que tenha condições de sustentar sua arte como merece e sempre sonhou.
Pessoalmente?
É uma situação em que vejo muitas similaridades à das pessoas que abrem mão de seus sonhos para prestar um concurso público e – uma vez lá dentro – continuam adiando eternamente o que sempre quiseram fazer para – segundo eles – ganhar mais (e mais) dinheiro e, mais tarde, correr atrás. É uma atitude lógica? Claro que é, do contrário não haveria tantas pessoas fazendo isso (ou seja, quase todos que conheço). O meu grande medo nisso (assim como nos casos dos artistas que postergam os próprios projetos em favor de algo mais plau$ível) é o comodismo.
Conseguir uma certa segurança econômica (dentro ou fora do serviço público) é imprescindível, mas abandonar (ok... “procrastinar”) os próprios sonhos em busca de um status financeiro cada vez mais alto e inconformado sempre me soou – mesmo que numa perspectiva infantil – uma traição, uma espécie de “quebra” num acordo que você fez consigo mesmo tempos atrás.
A alguns (muitos) anos atrás alguém me disse que, contanto que se faça o que gosta/ama, o serviço sairá bem-feito; alguns anos depois, numa palestra do Mutarelli no CCBB, ouvi ele dizendo que “por fazer o que gostava, ele estava ali – naquele dia – sendo pago pelo Banco do Brasil pra simplesmente dizer a um auditório cheio de pessoas que fizessem o que gostavam de fazer”. Desnecessário dizer porque estou citando isso aqui, né?
Não recrimino totalmente os que se dedicam aos concursos públicos e/ou projetos meramente comerciais (nem digo que NUNCA farei isso porque, aí, já é ter um controle sobre-humano sobre o futuro), mas – pelo menos por enquanto – ainda tento manter meus projetos o mais próximo possível de mim ao encarar as oportunidades profissionais que aparecem; afinal, numa história onde apenas as ações são reconhecidas, não quero que minhas idéias passem em branco.
E antes que perguntem: Não, não consigo realizar meus planos profissionais/artísticos pelado, sem-teto e vivendo apenas de água e luz (afinal de contas, não sou um cactus); o que quero fazer aqui (relendo o que escrevi até agora) é questionar se você, car@ leitor(a), abriria mão de seus projetos única e exclusivamente em função de dinheiro.
Quanto valem as suas idéias?
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Acredito que o caminho do meio é sempre o mais indicado. O problema é conseguir o equilíbrio necessário. Um dia mais para um lado que o outro... até mesmo o Mutarelli deve que fazer concessões e trabalhar em uma ou outra coisa por motivos de nece$$idade.
ResponderExcluirEnfim, as vezes temos que cortejar a insanidade...
POxa! Obrigado pela visita no meu blog, me amarrei no seu tbm... Eu tbm sou um desses sonhadores que ainda nao se renderam ao funcionalismo publico...hehehehe...Amem!!! Abraço Jota Junior
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