sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Ouvir estrelas
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.
(Olavo Bilac)
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Time goes by...
Histórias de cachorros, sempre temos uma...
Certa vez, um amigo me contava de um cachorro que morava com sua família num sítio. Certo dia, eles tiveram que mudar pra cidade e – durante o caos da mudança – o cachorro ficou o tempo todo no cantinho dele, observando tudo sair do lugar e rumar pra onde ele nem fazia idéia; ele estava bem cabisbaixo na verdade. Quando tudo já estava devidamente empilhado/embrulhado/etiquetado no carro, meu amigo, já na porta de casa, simplesmente olhou pra ele e disse “vamos!”.
O cachorro, então jururu, se levantou num pulo, no outro foi pra cima do meu amigo e começou a lambê-lo num misto de felicidade e alívio.
Ele acreditava que seria deixado pra trás.
Juro que – no atual momento – to me sentindo igual a esse cachorro (o qual nunca guardei o nome... ô memória bandida!): parado num canto enquanto tudo e todos vão de um lado pro outro, ocasionalmente se esbarrando e se arrumando para ir algum lugar do qual eu nada sei; só esperando alguém aparecer na última hora e dizer “Hey, seu besta... vem! A gente não te esqueceu não!”, mas é claro que isso não vai acontecer.
Diferente de uma mudança do sítio pra cidade, as mudanças que presencio são de uma vida pra outra; escolhas importantes que levam a mudanças importantes e conseqüências importantes... esse tipo de coisa que, vez ou outra, chega e balança seu mundinho recém-estabilizado. Nem positivamente, nem negativamente... apenas necessariamente. Confesso que ainda sou muito resistente e birrento quanto à mudanças (ou pelo menos aquelas não iniciadas por mim... Sim, “O” egoísta, eu sei), mas uma hora eu mesmo terei que mudar essa postura. Faz parte da vida.
Certa vez, um amigo me contava de um cachorro que morava com sua família num sítio. Certo dia, eles tiveram que mudar pra cidade e – durante o caos da mudança – o cachorro ficou o tempo todo no cantinho dele, observando tudo sair do lugar e rumar pra onde ele nem fazia idéia; ele estava bem cabisbaixo na verdade. Quando tudo já estava devidamente empilhado/embrulhado/etiquetado no carro, meu amigo, já na porta de casa, simplesmente olhou pra ele e disse “vamos!”.
O cachorro, então jururu, se levantou num pulo, no outro foi pra cima do meu amigo e começou a lambê-lo num misto de felicidade e alívio.
Ele acreditava que seria deixado pra trás.
Juro que – no atual momento – to me sentindo igual a esse cachorro (o qual nunca guardei o nome... ô memória bandida!): parado num canto enquanto tudo e todos vão de um lado pro outro, ocasionalmente se esbarrando e se arrumando para ir algum lugar do qual eu nada sei; só esperando alguém aparecer na última hora e dizer “Hey, seu besta... vem! A gente não te esqueceu não!”, mas é claro que isso não vai acontecer.
Diferente de uma mudança do sítio pra cidade, as mudanças que presencio são de uma vida pra outra; escolhas importantes que levam a mudanças importantes e conseqüências importantes... esse tipo de coisa que, vez ou outra, chega e balança seu mundinho recém-estabilizado. Nem positivamente, nem negativamente... apenas necessariamente. Confesso que ainda sou muito resistente e birrento quanto à mudanças (ou pelo menos aquelas não iniciadas por mim... Sim, “O” egoísta, eu sei), mas uma hora eu mesmo terei que mudar essa postura. Faz parte da vida.
É isso aí, irmã!
Hasta!
domingo, 18 de outubro de 2009
Madrugadas televisivas...
Uma coisa sobre a qual passei a semana pensando (além de “eu tenho que fazer a fisioterapia, eu tenho que fazer a fisioterapia, eu tenho que fazer a fisioterapia...”, é claro) é sobre os filmes que eu vi e ninguém mais parece ter visto (ou, se viu, faz tanto tempo que não mais se lembra); filmes que de tão interessantes/toscos/WTF? Só passavam de madrugada e eu só assistia porque era o único na casa acordado àquela hora (é... tem coisas que realmente não mudam).
Tentei buscar o trailers dos principais entre eles e só não encontrei do “Threesome – Três formas de amar” , no máximo alguns vídeos sobre um filme homônimo (e relativamente mais comportadinho) e uma peça de teatro baseada no filme, mas isso já não vem ao caso agora, enfim...
E você? Também tem as suas "pérolas televisivas" da madrugada?
Hasta!
Tentei buscar o trailers dos principais entre eles e só não encontrei do “Threesome – Três formas de amar” , no máximo alguns vídeos sobre um filme homônimo (e relativamente mais comportadinho) e uma peça de teatro baseada no filme, mas isso já não vem ao caso agora, enfim...
E você? Também tem as suas "pérolas televisivas" da madrugada?
Hasta!
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Serenidade
Sem explicações ou teorias. Hoje acordei incrivelmente otimista, sereno, intimista e saudosista (não o saudosista-melancolico-padrão, que fique bem claro). Logo de manhã decidi deixar um pouco de lado as paixonites instantâneas, superficiais e passageiras que vem e vão nesses dias corridos e me apegar um pouco aos amores antigos. E não digo "paixões" e "amores" naquele sentido clichê que vêm imediatamente à cabeça, de uma pessoa amada e idolatrada e salve salve, mas de coisinhas... lembranças descompromissadas, sensações esquecidas na maior parte do tempo e velhas manias (tá bom... de algumas pessoas também). Coloquei aqueles CDs (juro que, por pouco, não digito “discos” aqui... meu passado saudoso ainda é bem recente) do Los Hermanos pra tocar e me deixei carregar pelas recém-chegadas nuvens cinzentas a passear pelos céus do Planalto central. Sem calor excessivo ou frio de rachar; um dia fresco como essa brisa que teima em trazer promessas de coisas boas e algumas lembranças gostosas de outrora. Alguém a fim de um cafezinho ou de bater um papinho desimportante? Deve fazer um tempinho desde a última vez que vocês pararam , não?
Hasta!
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Count your fingers...
Às vezes os dias simplesmente começam e terminam assim...
Hasta!
Marcadores:
Arte,
Papo-furado,
Pseudofilosofia pedante,
Videos
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
E agora... 2016!
O Brasil ganhou a eleição para sediar as Olimpíadas de 2016, não teve como não ver: todos os noticiários, sites e tweets nas horas seguintes ao resultado não falavam de outra coisa, tanto para o bem quanto para o mal (ok, muito mais para o bem, tem gente que se empolga com uma facilidaaaade). Enfim... Beleza, joinha, tchubirubis; a terra brasilis ganhou mais uma oportunidade de se promover lá fora e fazer bonito... ou não?
Há algum tempo atrás escrevi um post sobre os preparativos (em Brasília, pelo menos) pra Copa de 2014 (já esqueceu, caro leitor?) e nas pataquadas que estavam projetando para mostrar ao resto do globo o quão evoluídos nós somos. Praças, reformas de estádios, VLTs, (re)urbanizações e (re)invenções do espaço urbano; tudo para receber com a devida pompa os atletas e torcedores estrangeiros.
Se eu me empolgo com essa história? Sim e não. Sim, porque – dependendo do projeto – finalmente vemos o dinheiro dos impostos sendo usado para algo que não seja os constantes aumentos salariais dos parlamentares; e não (e com uma ênfase toda especial nesse “não”), porque por mais que inventem, construam e tentem apresentar ao mundo uma imagem de “país emergente”, no fundo nossos problemas continuação sendo os mesmos: falta de educação do povo, corrupção geral do Estado e condições de saúde (e de serviço funerário também) precárias.
(fora a exoticamente excitante tradição de, em meio a tudo isso, ainda querer vender a imagem de “país das mulatas sambantes e do futebol”... que beleza!)
Já houve quem me acusasse, hoje, de não ser patriota por não vibrar com a escolha do Rio de Janeiro como sede olímpica. Paciência... acho que já passei da fase de me maravilhar com simples “pão-e-circo”, mas – se não tem jeito – que venham os malditos jogos!
(eu realmente só espero que as melhorias urbanas não sejam operadas desse jeito)
Hasta!
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
E foram felizes pra sempre...
Será? Não necessariamente!
Graças a alguma mente insana da Grande Nação Nerd (bate!), baixei algumas edições de Fábulas e, ao lê-las, aquela experiência foi se transformando num vício crescente. A idéia de arrancar as (aparentemente perfeitas) Fábulas de seus reinos e jogá-las refugiadas num bairro de uma New York real, munida de problemas e dilemas reais foi genial! Na Cidade das Fábulas (o “bairro-refúgio”) encontramos uma Branca-de-neve burocrática, interagindo com um Lobo mau tornado xerife (e humano) e outros personagens como um Príncipe encantado escroque (e do qual ela se divorciou há alguns séculos), uma Rosa vermelha (sua irmã) rebelde, um João (do pé-de-feijão) trambiqueiro, entre tantos outros; tudo escrito com um humor inteligente e narrado de forma a prender o leitor. Longa vida ao Bill Willingham por criar minha mais nova paixão literária!
Curioso? Se interessar dá pra baixar por AQUI as 14 primeiras edições da série (dois arcos de histórias), o que já dá pra dar uma boa idéia da trama (muito melhor do que eu, um leitor maravilhado, posso explicar); cortesia do pessoal do Vertigem.
E pra quem for leitor de primeira viagem, é melhor baixar, antes, o programa para ler quadrinhos digitais aqui, ok?
Hasta!
Graças a alguma mente insana da Grande Nação Nerd (bate!), baixei algumas edições de Fábulas e, ao lê-las, aquela experiência foi se transformando num vício crescente. A idéia de arrancar as (aparentemente perfeitas) Fábulas de seus reinos e jogá-las refugiadas num bairro de uma New York real, munida de problemas e dilemas reais foi genial! Na Cidade das Fábulas (o “bairro-refúgio”) encontramos uma Branca-de-neve burocrática, interagindo com um Lobo mau tornado xerife (e humano) e outros personagens como um Príncipe encantado escroque (e do qual ela se divorciou há alguns séculos), uma Rosa vermelha (sua irmã) rebelde, um João (do pé-de-feijão) trambiqueiro, entre tantos outros; tudo escrito com um humor inteligente e narrado de forma a prender o leitor. Longa vida ao Bill Willingham por criar minha mais nova paixão literária!
Curioso? Se interessar dá pra baixar por AQUI as 14 primeiras edições da série (dois arcos de histórias), o que já dá pra dar uma boa idéia da trama (muito melhor do que eu, um leitor maravilhado, posso explicar); cortesia do pessoal do Vertigem.
E pra quem for leitor de primeira viagem, é melhor baixar, antes, o programa para ler quadrinhos digitais aqui, ok?
Hasta!
A bunda, que engraçada
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
redunda.
Carlos Drummond de Andrade
AQUELE livro (o amor natural)
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
redunda.
Carlos Drummond de Andrade
AQUELE livro (o amor natural)
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