sábado, 6 de agosto de 2011

Do que se impõe (direitos humanos, por exemplo)...



Ai credo, é o fim do mundo! Na minha época não acontecia isso! – exclama minha avó diante do noticiário na TV.

Claro que acontecia, coisas assim acontecem desde que o mundo é mundo. – respondo eu, todo trabalhado na poker face.

É, mas pelo menos a gente não ficava sabendo! – retorna minha avó.

Relevada a idade de minha avó (e, consequentemente, sua visão de mundo), a situação descrita me têm feito pensar: Não sei se é porque, agora, ando mais sintonizado nesse tipo de notícia (afinal, como todos sabemos, nossa visão de mundo muda de acordo com nossos interesses), mas – de fato – não me lembro de ver, nos noticiários, notícias como as que venho acompanhando atualmente. Todos os dias pipocam novos casos de crimes de ódio pelo país; todos os dias ouço casos de pessoas que morrem/são atacadas sem provocação, todos os dias ouço acusações de privilégios e tentativas de instauração de uma dita “ditadura” e o pior: todos os dias me acostumo mais um pouco com esse cenário.

A última foi a criação do dia do orgulho heterossexual como resposta à série de “privilégios” concedidos à população LGBTs e... numa boa? Não vou enumerar os contra-argumentos aqui; pessoas mais articuladas já o fazem todos os dias e são sumariamente ignoradas (o que é uma pena, dado que algumas delas são brilhantes). Me limito a dizer que estou cansado dessa história. Cansado de tentar entender o porquê de tanta histeria, da aparente necessidade de pintar uma batalha, uma dicotomia desnecessária; é tão importante assim aos parlamentares/formadores de opinião ter a quem hostilizar a ponto de usar isso como parâmetro de “liberdade de expressão”? Porque, pessoalmente, é o que parece.

Não quero escolher “lados” (embora, por ser quem sou, já seja automaticamente pintado como o capeta), não quero devolver a opressão na mesma moeda, não quero ser Bruno. Quero viver minha vidinha como qualquer outro cidadão livre nesse planeta. Levando em conta que sou humano, adulto, pago meus impostos e ajo como qualquer outra pessoa dentro dessa sociedade, acho que tenho esse direito, não?

Ou serei realmente obrigado a pegar em armas para defender minha liberdade de existência e tudo o que minha família me ensinou sobre não mentir (sobre quem eu sou, inclusive)? Engraçado que, ao pensar em todas as discussões levantadas – sobretudo na supervalorização da palavra “ditadura” – me veio à mente a relativa tranquilidade e sorte que atribuíam à minha geração de não ter vivido os anos de chumbo da repressão militar, dizendo que jamais saberíamos o peso de toda aquela vigilância e insegurança... será?

Será por isso que, quando criança, me diziam tanto para aproveitar essa época da vida?

Inté!

Um comentário:

  1. Enquanto a religião continuar tendo tanto poder na sociedade (toda ela: civil, política e militar) as cruzadas ignóbeis e criminosas dessa gentalha fanática continuarão.

    Abraços

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