Nunca houve uma época como essa; isso é fato. Todo o
desenvolvimento cultural, tecnológico, social e – por que não – humano ocorrido
no último (e desenfreado) século tornou o mundo (quiçá o universo)
exponencialmente menor e seu conhecimento inversamente proporcional. Mas – talvez por causa da velocidade dos eventos que nos trouxeram até aqui – esta parece ser, também, a era dos extremos.
Lembro que, certa vez, vi numa propaganda a frase “Me ame ou
me odeie, ´tanto faz´é que incomoda” e, por vezes, penso ser esse o pensamento
vigente. Você não simplesmente gosta de uma banda: você a idolatra, declara seu
amor aos quatro ventos e – dependendo do contexto – até compra briga com quem
falar uma vírgula contra a mesma; da mesma forma que não apenas desgosta de uma
atração, tem que desaprová-la publicamente em todas as redes sociais, criar
montagens para ridicularizá-la e, de quebra, brigar com quem a defende. Você
não só se interessa por um assunto: após uma consulta rápida ao Google vira um
especialista e, nas rodas de conversa, é o primeiro a encher a boca para
repetir tudo o que foi meticulosamente decorado da internet (se bobear, com
direito a referências)... e “ai” de quem questionar seu domínio sobre o
assunto! Não existe mais a neutralidade: o padrão que vemos (ou que eu vejo) é
uma balança entre amor e ódio, certo e errado, da qual o (neutro) ponto de
apoio é simplesmente inexistente. Para ser levado a sério você deve amar ou
adiar alguma coisa fervorosamente, sem meios-termos.
“Ser levado a sério”, talvez seja essa a questão. Não há
mais paciência para o “talvez”, pro “me deixa pensar”; quem não toma uma
decisão concreta de imediato é logo desconsiderado... vira “café-com-leite” por
assim dizer. E quem quer ser o “café-com-leite” das discussões? Ora, nem quando
crianças, gostamos de ser “café-com-leite” nas brincadeiras. É chato!
O que me leva à outra frase que ouvi (dessa vez de um colega,
ao me ver chocado frente aos estereótipos ambulantes que permeiam São Paulo), a
de que ”querendo ou não, as pessoas se adequam aos estereótipos para não
ficarem isoladas”. Devo então encarar essa onda de extremismo como uma modinha
passageira? Um modelo de impaciência e (em alguns casos, intolerância) que as
pessoas adotam para não se sentirem excluídas do meio?
Tomara. Às vezes tenho medo ao pensar – uma vez numa era de
extremos – no que podemos descobrir além deles.
Inté!
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