sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Drink me


O pai lhe deu o primeiro gole aos três meses de idade. "É só um golezinho, que mal pode fazer?", disse ele. Mas assim como quase tudo terminado em "inho", o golezinho teve consequências: a menina ficou viciada. Desde então bebia Coca-Cola como quem bebe água e não havia quem a fizesse largar esse hábito. "Ela é viciada em Coca-Cola, que mal pode haver?", pensavam todos. Até que num exame médico, às vésperas de seus quinze anos, foi constatado que seu sangue foi substituído - ao longo de anos de vício - por xarope do dito refrigerante. Escandâlo. O que a Coca-Cola está fazendo com nossos jovens? Sensação. A (agora) garota Coca-Cola dá entrevistas, aparece em programas de TV e assina um contrato publicitário com a dita empresa. É morta um mês depois por uma turba de fanáticos-cristãos-comunistas-radicais, que acusavam-na de ser o anticristo por ter em suas veias o sangue negro e açucarado do capitalismo liberal. Em sua memória, a empresa de refrigerantes lançará uma edição especial e limitadíssima da Coca-Cola em garrafinhas douradas no formato do corpo da garota (e, segundo os boatos na internet, feita com o sangue-xarope do corpo da mesma, clandestinamente exumado após o enterro).